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'Pelé do piano' erudito, Arthur Moreira Lima deixa grandes conexões com a música popular ao morrer aos 84 anos

Obra do pianista carioca inclui disco com o cantor Nelson Gonçalves e álbuns com os repertórios de Roberto Carlos, Noel Rosa e Ernesto Nazareth. Arthur Morei...

'Pelé do piano' erudito, Arthur Moreira Lima deixa grandes conexões com a música popular ao morrer aos 84 anos
'Pelé do piano' erudito, Arthur Moreira Lima deixa grandes conexões com a música popular ao morrer aos 84 anos (Foto: Reprodução)

Obra do pianista carioca inclui disco com o cantor Nelson Gonçalves e álbuns com os repertórios de Roberto Carlos, Noel Rosa e Ernesto Nazareth. Arthur Moreira Lima (ao piano) com Nelson Gonçalves na capa do disco ‘O boêmio e o pianista’, de 1992 Reprodução ♫ OBITUÁRIO ♪ Pianista de sólida formação erudita, aluno da professora Lucia Branco (1903 – 1973), Arthur Moreira Lima (16 de julho de 1940 – 30 de outubro de 2024) deixa um toque de classe na música brasileira ao morrer na noite de ontem, aos 84 anos, em Florianópolis (SC) – cidade onde vivia desde 1993 – em decorrência de complicações de câncer no intestino. A saída de cena do extraordinário músico carioca, que chegou a ser caracterizado como “o Pelé do piano” pela revista francesa La Suisse, põe em foco a trajetória igualmente singular do pianista que sobressaiu como intérprete de compositores eruditos românticos como o polonês Frédéric Chopin, (1810 – 1849), o austríaco Franz Liszt (1811 – 1886) e o brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959). Contudo, a partir dos anos 1970 e sobretudo da década de 1980, Arthur Moreira Lima fez expressivas incursões pelo território da música popular, o que ampliou a visibilidade do pianista e o tornou conhecido além dos nichos da música clássica. Pianista Arthur Moreira Lima morre aos 84 anos Em 1975, o músico lançou expressivo álbum em que jogou luz sobre a obra até então pouco valorizada de Ernesto Nazareth (1863 – 1934), pianista e compositor carioca que contribuiu decisivamente para a difusão do choro no início do século XX. O álbum Arthur Moreira Lima interpreta Ernesto Nazareth se tornou tão importante que gerou um segundo volume em 1977. Em 1979, o pianista se reuniu com ases do choro –como o clarinetista Abel Ferreira (1915 – 1980), o flautista Copinha (1910 – 1984), o bandolinista Joel Nascimento e o trombonista Zé da Velha, além do grupo Época de Ouro – em show que deu origem ao álbum ao vivo Chorando baixinho – Encontro histórico. Naquele mesmo ano de 1979, Moreira Lima lançou disco em que abordou o cancioneiro do compositor Noel Rosa (1910 – 1937), pioneiro bamba do samba carioca. Em 1980, o pianista se juntou ao compositor e trovador Elomar no álbum Parcelada malunga, bisando dois anos depois a parceria com o sertanista baiano no disco Consertão (1982), gravado com as adesões de Paulo Moura (1932 – 2010) e Heraldo do Monte. Entre 1985 e 1986, Arthur Moreira Lima idealizou e realizou com Ney Matogrosso o marcante show Pescador de pérolas, perpetuado em disco ao vivo editado em 1987. As conexões de Arthur Moreira Lima com cantores e compositores populares entraram pela década de 1990. Em 1992, o pianista se uniu a Nelson Gonçalves (1919 – 1998) no álbum O boêmio e o pianista para abordar o repertório folhetinesco do cantor gaúcho, intérprete sobressalente de sambas-canção, valsas e tangos dos anos 1940 e 1950. Sem preconceitos, Arthur Moreira Lima lançou inclusive em 2000 um disco em que interpreta sucessos do cantor Roberto Carlos, quase todos compostos por Roberto com Erasmo Carlos (1941 – 2022). O álbum Arthur Moreira Lima interpreta Roberto Carlos saiu dentro da série MPB piano collection, que também teve títulos dedicados pelo músico aos cancioneiros de compositores como Chico Buarque, Dorival Caymmi (1914 – 2008) e Gilberto Gil. Em tudo, na música erudita ou na seara popular, o pianista deixou um toque de classe com a técnica notável que lhe conferiu o epíteto de “Pelé do piano”.

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